02/07/2007

Só tenho a me orgulhar cada vez mais de ti primo..
obrigado
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Sorriso Triste

O inverno mal começara. Os dias, nem sempre frios, já não eram mais curtos como deviam ser. Não. Esses dias, até alguns meses segundos, já não passavam tão rapidamente, eram tardes lentas, intermináveis, estáticas. Eram poucas horas, dizia meu relógio, mas cada segundo me pegava pensando em uma certa pessoa neste momento tão distante. Ainda não chovera apesar de tardes de céu em esconde-esconde de azul com o cinza das nuvens.

Numa tarde dessas, uma tarde de fim de Mês, foi que o coração se me mostrou apavorado. Eu nem era de pavores, nem mesmo dado a medos fossem eles de entrar ladrão na casa nunca suficientemente protegida, fossem de aparecerem nela almas ditas de outros mundos, penadas por mal viver. Nem medos de morte anunciada me perturbavam, nem pesadelos, em que eu devia esbugalhar os olhos no meio da noite após um transe de realidade bem criada, onde meu maior medo se realizaria. Sim. Vida traiçoeira, até aquela tarde eu não sabia qual era meu maior medo. E, no entanto, nessa tarde.

Apertou-se-me o peito num sufocar interior. Assim como se ardesse um líquido no peito. Sobretudo, era no peito que o aperto e aquele calor se instalava. Partia de lá de dentro como se fosse uma parte de mim que desconhecera até então, uma força tão grande que eu nem sentia mais do que pensava no porque estava eu assim, nem como poderia ir contra. Eu era impotente naquele mal estar que nem sabia se era de mim que vinha ou em mim se instalava. Foi quando senti medo. Foi quando quis que uma torrente de água morda saísse de meus olhos. Sei que pensei seja forte. Sei que no fundo eu pensava que aquilo era certo. Mas o Certo e o Errado já eram tão espelhados, que pareciam um só. Foi o que doeu, não sentir um amigo que chamo de Certeza. Era uma dor e era mais que desgosto.(Foi só muito depois que pensei: deve ser isto que é estar triste.) As lágrimas não corriam, muito embora em pensamento eu as sentisse pingar sobre o peito. E estas não me traziam alívio. Mas num dado instante foi que espontaneamente soltei um riso triste, não sei se percebeu.
Nem em nada eu pensava. Nada, sabem? Apenas, e era tanto! . A tristeza instalada de surpresa nessa tarde de um Inverno mal chegado, já era esperada há algumas semanas, mas fez que não se concretizaria, com palavras de esqueça tudo que disse. E ficou. Já lá estava.

Hoje, sempre que chegam estas tardes me lembro de uma promessa que fiz a mim mesmo, as tardes em que o sol só por cortesia ainda aquece, eu fico triste, diria que de uma tristeza recorrente. É então que penso, nestas tardes intermináveis, se posso em frente ao mar, ou em qualquer outro lugar, cumprir minha promessa e superar.
G. Covanzi

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